Porto Seguro. Bahia. Brasil. Agosto de 2018. Os turistas ainda não tinham entendido nada antes de entrar pelos porões da Nau e subirem as escadarias estreitas, apoiando-se nos marinheiros sujos e cansados. Ainda chamam este antiga nave espacial de Caravela, e ainda acham que Pedro Álvares Cabral era baixinho e burro. Mas eu, ao passar… Continuar lendo VENTO MORNO DO PARAÍSO
O QUE O MAR TRAZ
Salvador. Outubro de 2018. Fugindo da fumaça, do asfalto e dos barracos encostados em prédios novos, tentando achar a Salvador do meu imaginário, me refugio na Praia da Paciência. Distraído com o mar, quase piso na pança do Vinícius e daquela moça com cabelo na cara. Tento não chegar muito perto da índia que carrega… Continuar lendo O QUE O MAR TRAZ
AS AMARRAS DO GOLDEN HIND
Londres. Março de 2017. O elegante galeão parece entediado aqui, como se estivesse encalhado. Aqui, amarrado, amordaçado, sendo mostrado como um animal engaiolado a esses bêbados que disputam um lugar para observar os prédios sem vida e o rio murcho. Os turistas desavisados mal sabem que ele percorreu o mundo sobre as ondas e que… Continuar lendo AS AMARRAS DO GOLDEN HIND
AO REDOR DO COLISEU
Roma. Itália. Fevereiro de 2017. Caminho ao redor do Coliseu, o sol quente contrasta com o vento frio. É o fim do inverno. Aquele tigre já deve estar sentindo calor, penso. Mas ele encontra forças para avançar no gladiador distraído, que passava um papo na filha daquele nobre esnobe. Que estranho bicho de estimação! A… Continuar lendo AO REDOR DO COLISEU
O DUELO DE SAINT-MALO
Saint-Malo. França. Abril de 2017. Não foi aqui no Fort-Royal que aconteceu? pergunto a Robert, que passa andando apressado. Surcouf! diz ele, Surcouf! Me apoio nas muralhas que dão vista para a silhueta de Saint-Malo. Ele resolve dar um tempo na frente da minha garrafa de vinho e eu o ouço se gabar: Tava eu, Mainville… Continuar lendo O DUELO DE SAINT-MALO
TORRE DE BELÉM
Torre de Belém. Lisboa. Portugal. Fevereiro de 2017. Ela parece chorar para o vento, para o mar que vira rio, para a bendita Torre de Belém que a protege. Só não protege de levar seu marido embora, embarcado numa das tantas naus que desaparecem no horizonte. Ela parece chorar, mas quando o rapaz da guitarra… Continuar lendo TORRE DE BELÉM
AS LADEIRAS ESTREITAS DE COIMBRA
Coimbra. Portugal. Março de 2017. O cavaleiro árabe é antigo nesse bairro. Seu avô empilhou todas essas pedras. Esqueceu de falar sobre o que tinha antes, é verdade, mas o cavaleiro cristão sabe essa parte da história. Eles não se encontrariam hoje nessa ladeira estreita se não fosse esse café e essa fadista chorosa. Ela… Continuar lendo AS LADEIRAS ESTREITAS DE COIMBRA
O TEATRO DOS TEATROS
Londres. Inglaterra. Abril de 2017. Veja quantas aberrações saem desse tal Globe Theatre! diz a velha tomando chá. Aquele mouro grandão com uns chifres na cabeça e a menina drogada querendo morrer por amor. Saio de perto dela e me aproximo para ver melhor o principezinho atormentado. Nem sonhe em se misturar àquela suruba noturna,… Continuar lendo O TEATRO DOS TEATROS
TEMPLÁRIOS PORTUGUESES
Tomar. Portugal. Março 2017. Chega mais pra lá e vai abrindo outro vinho, me diz o cavaleiro com a boca cheia da laranja mais suculenta do mundo. Seu escudeiro vem correndo lá do laranjal e o instiga a falar mais, mesmo cuspindo e rindo. Outro cavaleiro se junta ao grupo, tapando minha visão. Deslizo pelos… Continuar lendo TEMPLÁRIOS PORTUGUESES
UM ESTRIPADOR
Londres. Inglaterra. Abril de 2017. O beco ainda é sinistro. Escuro, isolado, mesmo no meio de tudo. As prostitutas passam esbarrando nas moças direitas que não tiram os olhos dos celulares. Os rapazes cansam de jogar olhares e palavras tortas para elas e investem pesado nos pints, que sempre os levarão a outros becos escuros. Ninguém… Continuar lendo UM ESTRIPADOR
CONQUISTAS E FUGAS
Lisboa. Portugal. Fevereiro de 2017. O gordinho sai correndo com a coroa na cabeça e todos sabem que é só um um ator mentindo. O rio é tão largo que parece mar, a borda é uma reta tão longa que parece até perto chegar lá no horizonte. É preciso ficar algum tempo olhando as pedras até… Continuar lendo CONQUISTAS E FUGAS
CATARATAS
Foz do Iguaçu. Brasil. Janeiro de 2017 Os filetes de água atravessam cidades, estados, regiões inteiras. Olha ali, o Rio Iguaçu, os pais dizem aos filhos, que um dia hão de crescer também, e fazer a grande viagem até os filetes que viram cataratas, grande águas que vertem, poderosas e eternas. Para os bichos, tudo… Continuar lendo CATARATAS